Já ferveu leite?
Em uma época de embalagens tetra pak, conhecida também como “caixinha longa vida”, na qual o leite já vem devidamente pasteurizado, processo pelo qual se eliminam os microorganismo patogênicos, ninguém mais ferve o leite para ele não azedar.
O leite, há algumas décadas, era tirado manualmente da vaca em um balde, depois despejado em um latão, repartido em latões menores de 1 ou 2 litros e, quando chegavam ao consumidor final, era fervido em canecões conhecidos como leiteiras, as quais tinham um funil invertido no meio, parecendo um vulcão, por onde o leite, se fervesse, não derramava, mas era muito comum que, mesmo com essa tecnologia rudimentar, o leite conseguisse “vazar” e sujar todo o fogão, por isso as donas de casa ficavam vigiando o leite enquanto fervia.
Aqueles minutos à beira do fogão, esperando o leite ferver, eram intermináveis, mas bastava se afastar por segundos, que o leite fervia, subindo até a boca do canecão e fazendo uma lambança na cozinha.
Parecia que o tempo passava de forma diferente, sendo mais lento quando vigiando o leite e mais rápido quando, por alguns segundo, distraíamos e o líquido branco cheio de cálcio fervia de forma mais ligeira transbordando da leiteira, mas não era o relógio que tinha dois compassos e sim a nossa perspectiva de tempo que mudava.
É nossa ânsia de fazer com que as coisas que desejamos aconteçam no momento que queremos que faz com que pareçam que elas demorem mais e, ansiedade é um sentimento relacionado à espera.
Uma espera que independe de nós. É aguardar a hora da consulta, a chegada do amor, as férias de fim de ano, a viagem sonhada, o fechamento da fatura do cartão, o salário no começo do mês, o milagre pedido na novena que não acontece… são dias que não passam, calendários que não viram, meses que não terminam, mas basta uma pequena distração e, como em um passe de mágica, o tempo passa e o acontecimento, tanto aguardado, chega.
E chega no momento que não estávamos mais esperando ou que já havia passado a grande ânsia da espera.
A enfermeira chama para a consulta na hora do final do joguinho de Candy Crush do celular que se joga enquanto aguarda o médico chamar.
O campainha toca na melhor parte do filme; a mensagem de WhatsApp chega quando não podemos responder, o verdadeiro amor aparece quando estamos com outra ocupação, seja uma proposta profissional ou um relacionamento passageiro. O mês passa mais rápido quando estamos de férias.
Não é uma ironia do destino, é simplesmente o tempo de espera chegando ao fim, mas que foi devidamente aproveitado, devidamente vivido, da mesma forma quando se afasta do fogão para utilizar aqueles poucos minutos de espera do leite ferver e ele sobe transbordando da leiteira.
O tempo de espera será o mesmo, mas se melhor aproveitado dará a impressão que passou muito mais rápido.
Ninguém se torna médico sem anos de faculdade, do mesmo jeito que o milagre, que tanto se pede, não acontece sem uma mudança e, é por isso que serve o tempo de espera, para evoluir, melhorar, estudar, trabalhar de forma a contribuir com o resultado.
Se o seu leite parece que está demorando muito a ferver ou se o seu sonho ainda não aconteceu, experimente fazer algo que seja mais do que apenas esperar, e verá o seu pedido realizar, não pelo tempo que passou, mas pela evolução que ocorreu em você, pois não é seu milagre que não está sendo atendido, mas é você que ainda não está preparado para receber o seu milagre. Pense nisso!
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